Deus, o meu resgate

       Certa vez, voltei para casa completamente embriagado após um dia inteiro de bebedeira sem limites, e percebi que mesmo tendo muitos amigos, eu estava completamente sozinho. Não conseguia entender aquela sensação de vazio estando perto de tanta gente. Senti meus sonhos sendo apagados a cada copo que eu tomava, sentia uma profunda vontade de não fazer nada, não tinha ambição alguma até para com minha faculdade. Quando deitei em minha cama para a bebedeira passar, perguntei para o Senhor em uma pequena oração, por que ele não terminava logo com esse meu sofrimento me levando daqui, pois eu não via sentido em minha vida. A partir daí, já havia brotado em meu coração o desejo de parar de beber, mas a força para isso eu ainda não tinha.

       A cada dia que se passava, eu olhava nos olhos de minha mãe e meu avô, e conseguia enxergar uma aflição que não tinha tamanho, e eu me perguntava: “Por que isso tudo? Precisa ser assim?” Cheguei a pensar em escrever coisas sobre os meus fracassos e a minha dependência alcoólica, visando achar graça de meu próprio sofrimento. Passei a ser visto por terceiros como digno de pena, pois no auge dos meus 20 anos estava vivendo “dentro do bar”. Eu não conseguia me ver sem a bebida, era como se fosse uma parte de mim. Cresci em uma casa de pessoas que bebiam muito, e desde pequeno, passei a pensar que beber era apenas uma brincadeira. Não demorou muito para que eu perdesse o controle da situação e passasse a brincar com a morte. Muitas são as vezes que me machuquei, sendo uma delas, que de longe foi a mais preocupante: pulei em uma piscina na parte rasa, de ponta e não me preocupei em colocar as mãos para proteger minha cabeça, acontecendo o inevitável, sofri um violento golpe na testa, e tive que levar alguns pontos no corte, que foi profundo. Deixei as pessoas que me amam preocupadas, e as que estavam perto viram a violência do impacto. A partir daí, passei a me perguntar como que eu tinha escapado dessa situação com esses pontos sem me ferir seriamente com o impacto. Perguntei: Deus, por que eu não morri? O Senhor me protegeu?- eu não entendia o por que de tanta misericórdia para um pecador como eu. 

        Muitas outras adversidades aconteceram comigo depois deste episódio, e por incrível que pareça eu passei a dar menos valor a minha vida, e passei a viver em função do álcool em tempo integral. Meus familiares ficaram desesperados, então em uma quinta–feira meu avô, com toda sua experiência de ter passado pelo alcoolismo, me falou: “Não posso mais compactuar com isso, não vou ajudar a te matar.” 

      A partir daí, eu não recebi nenhum centavo de nenhum de meus familiares, então falei para mim mesmo que eu não beberia mais, queria ver até onde eu agüentaria viver em sobriedade. Resolvi me isolar e não sair mais, então duas semanas se passaram, quando recebi uma visita inesperada de dois grandes amigos, que apesar de ter me afastado e de ter tomado atitudes contrárias a nossa amizade, eles não se esqueceram de mim, e sabiam de minha situação, então me convidaram para ir a uma vigília na roça, com o pessoal da Igreja Metodista de Juiz de Fora e da Igreja Batista Ebenézer de Manhuaçu, a partir de então pensei em continuar sóbrio até lá. Os dias foram se passando, e fui percebendo que meu desejo de continuar sem a bebida estava crescendo, até que depois de tantas provações, e resistência perante os convites para beber, o dia da vigília tinha chegado. As horas foram se passando, e pensei que meus amigos não me levariam mais, até que de repente, uma buzina toca e vi um carro estacionado em minha porta, eles haviam acabado de chegar. Senti medo, depois alívio, porque percebi que o Senhor tinha escolhido aquele dia para mim, e viajamos em direção à roça. Chegada à hora comecei a orar; muitas pessoas estavam orando ao mesmo tempo, eu me sentia protegido e um pouco envergonhado.       

        Em seguida, o Pastor meditou em alguns versículos da bíblia, perguntou se tinha alguém que queria entregar sua vida a Jesus Cristo, então, repleto de timidez e vergonha pelas escolhas erradas tomadas no passado, pus-me de joelhos (um amigo tinha se ajoelhado comigo para que eu não sentisse vergonha) ao Senhor Jesus Cristo, e o reconheci como meu único Salvador. O meu desejo de parar de beber havia passado e se transformado em unção de força, de coragem, da qual eu jamais havia sentido. Vi que não estava lutando sozinho senti que a minha guerra não estava perdida e que Deus estava apenas colocando as coisas no lugar até o dia em que eu entregaria a minha vida a Ele. Logo percebi, que há muito tempo o Senhor estava olhando por mim, então fui colocado diante dEle, onde entreguei a minha vida e alma de todo coração. A partir deste dia me senti completamente diferente, meus olhos se abriram e pela primeira vez eu enxerguei a verdade, que era a palavra de Deus. Eu estava livre e a harmonia aos poucos foi sendo colocada em minha casa pelo Senhor, acalmando os corações das pessoas que me amam. Tenho consciência de que as tribulações podem chegar, mas em oração eu venho me fortalecendo e pedindo sempre para todas as pessoas que foram colocadas por Ele em minha vida. Não duvide nunca desse Deus que te ama de forma incondicional, pois ele resgata, cura e te faz uma nova criatura. Assim sigo na fé como um servo que teme e adora o Deus vivo. Que o Senhor cubra de bênçãos a vida de todos vocês. Amém!

“Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” 2 Coríntios 5:17

Testemunho de Guilherme Mota